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De agosto de 2024 a julho de 2025, o Cerrado e o Pantanal registram queda de 20,8% e 72% no desmatamento. Foto: Fernando Donasci/MMA |
Os alertas de desmatamento na Amazônia atingiram 4.495 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (7/8) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O número representa o segundo menor patamar da série histórica do sistema Deter, mas ainda registra aumento de 4% em relação ao período anterior.
A alta é atribuída, principalmente, à intensificação dos incêndios florestais no segundo semestre de 2024. Por outro lado, os alertas por corte raso – desmatamento sem uso de fogo – caíram 8%, atingindo nível histórico mais baixo.
“O desmatamento na Amazônia está estabilizado, dentro da margem. Mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A ministra reforçou ainda a influência das mudanças climáticas na elevação dos incêndios, que vêm degradando até florestas úmidas antes consideradas resistentes ao fogo. “Até podemos zerar o desmatamento, mas se continuarmos com a emissão de CO₂, a floresta vai perecer do mesmo jeito”, alertou.
Cerrado e Pantanal
No Cerrado, os alertas caíram 20,8%, com destaque para reduções no Maranhão (-34%) e Mato Grosso (-19%). Já o Pantanal teve queda de 72% no desmate, mesmo enfrentando a pior seca da história.
“Conseguimos evitar um cenário ainda mais crítico com ações coordenadas”, afirmou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA.
Fiscalização
Nos últimos 12 meses, o Ibama realizou 9.540 ações fiscalizatórias na Amazônia, que resultaram em R$ 2,4 bilhões em multas, mais de 3 mil embargos e destruição de 873 equipamentos. No Cerrado, foram R$ 607 milhões em penalidades.
“Estamos promovendo uma ação muito forte para evitar prescrições das multas e garantir que a impunidade não aconteça”, enfatizou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.
O governo federal tem ampliado o arsenal de combate ao desmatamento e incêndios com:
- R$ 850 milhões do Fundo Amazônia para ações de fiscalização;
- Maior contingente de brigadistas da história (4.385);
- Renovação da frota do Ibama, com 7 novos helicópteros;
- Aprovação de planos de combate a incêndios para todos os biomas brasileiros, algo inédito.
Além disso, leis sancionadas em 2024 e 2025 facilitaram a contratação emergencial de brigadistas e o uso de aeronaves estrangeiras em situações críticas.
Desafios persistentes
Apesar dos avanços, Mato Grosso teve alta de 74% no desmate, puxado por queimadas. Para especialistas, a estabilização é um passo, mas a meta zero exige mais investimentos e cooperação global.