Participação popular marca volta da 5ª Conferência do Meio Ambiente

 

 A Orquestra Alada Trovão da Mata, originária de Brasília-DF, marcou a abertura da 5ª CNMA com uma apresentação vibrante de seu ritmo característico, o Samba Pisado, que envolveu ativamente os participantes. Fotos: Rogério Cassimiro/MMA.

Por Luciana Bezerra

A abertura da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (5ª CNMA), realizada na noite desta terça-feira (6/05), em Brasília (DF), destacou o protagonismo da sociedade civil no enfrentamento da emergência climática. Após 11 anos sem edições, o evento retorna com foco na participação popular e no diálogo democrático como base para a construção de políticas ambientais mais justas e eficazes.

Com o tema “Emergência Climática e o Desafio da Transformação Ecológica”, a conferência mobilizou representantes de 2.570 municípios de todas as regiões do país. 

Representantes do Acre esperam que as propostas sejam avaliadas e concretizadas, principalmente para os municípios mais remotos da Amazônia. 

A animação era visível em todos os cantos: representantes de todos os estados brasileiros trouxeram ao encontro nacional não apenas sua presença, mas também suas expectativas. Entre os grupos, uma demanda era recorrente — que o governo federal intensifique o apoio aos municípios mais remotos do país, frequentemente negligenciados nas políticas ambientais.

Os delegados do Ceará formada por jovens engajados na luta da proteção ambiental e das mudanças climáticas.

A diversidade dos participantes também chamou atenção. Segundo dados da organização, 56% das delegadas são mulheres, 64% se autodeclaram pessoas pretas, e um terço representa povos indígenas e comunidades tradicionais — reforçando a pluralidade de vozes e experiências que compõem o debate socioambiental.

"Salvem os Quilômbolas e todos os povos originários", pedia a delegação do Maranhão. 

A 5ª CNMA tem como objetivo consolidar 100 propostas prioritárias, organizadas em cinco eixos: mitigação, adaptação e preparação para desastres, justiça climática, transformação ecológica e governança e educação ambiental. As propostas partem de debates realizados em conferências municipais, estaduais e temáticas, demonstrando o compromisso do evento com a escuta ativa e a construção coletiva.

Para Aline Martins, servidora pública de Rio Branco (AC) e delegada do setor público, o momento é histórico. “Levaremos conosco as propostas elaboradas a nível local com bastante diálogo, responsabilidade e empatia. A participação ativa é essencial para definir as diretrizes da agenda climática no Brasil”, afirmou.

Foto: Luciana Bezerra


Delegações do Amazonas reforçaram o apelo por maior atenção à preservação da Floresta Amazônica. Para os representantes, a situação do bioma ainda é crítica e exige medidas concretas e urgentes para garantir sua recuperação e evitar novas tragédias ambientais, como a seca extrema que atingiu diversos municípios do estado no último ano.

Entre as principais demandas está a ampliação do acesso à água potável, especialmente durante o período de estiagem, quando comunidades inteiras enfrentam escassez e abandono. Segundo os participantes, é preciso que o governo federal assuma compromissos efetivos para proteger a floresta e assegurar condições dignas às populações que dependem diretamente dela para sobreviver.

A retomada da CNMA ocorre em um momento estratégico, às vésperas da COP30, que será sediada pelo Brasil em 2025. A forte presença da sociedade civil na abertura do evento reforça o papel do país em liderar o debate climático global com base na democracia participativa e no compromisso com a justiça socioambiental.

Proposta da conferência

Durante a 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), todas as sugestões apresentadas pela sociedade civil nas etapas preparatórias serão consolidadas em um conjunto de 100 propostas finais. As diretrizes serão organizadas em cinco eixos temáticos: mitigação; adaptação e preparação para desastres; justiça climática; transformação ecológica; e governança e educação ambiental.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, os debates acontecerão em 50 grupos simultâneos.

"Nesses grupos, já haverá um processo de afunilamento até que se chegue à plenária com 20 propostas para cada eixo, totalizando 100. É um verdadeiro acervo de ideias para qualquer gestor público", afirmou a ministra durante o programa Bom Dia, Ministra, desta segunda-feira (5).

Criada por Marina Silva em 2003, a CNMA realiza sua quinta edição após um intervalo de mais de uma década — a última conferência ocorreu em 2013.

Fonte: Conteúdo produzido originalmente pelo ConectaEco que esteve presente na abertura do evento.
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