Amazonas libera venda legal de quelônios criados por ribeirinhos

Os quelônios são criados em manejo sustentável por famílias ribeirinhas da RDS Uacari, em Carauari. Créditos: Moisés Henrique/Ipaam. 

Pela primeira vez, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) autorizou a comercialização de quelônios criados de forma sustentável por comunidades tradicionais do interior do estado. A medida inédita contempla mil animais — entre tartarugas-da-Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis) — criados em cativeiro por famílias da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari, em Carauari, município localizado a 788 quilômetros de Manaus.

Segundo o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, a autorização, assinada nesta segunda-feira (5/5), representa um marco para o manejo comunitário da fauna silvestre no Amazonas. Os animais foram criados ao longo dos últimos seis anos por três comunidades associadas à Amaru (Associação dos Moradores Agroextrativistas da RDS Uacari), com base em práticas regulamentadas e monitoradas, a partir de ovos coletados legalmente nos tabuleiros naturais às margens do rio Juruá.

“A autorização é um reconhecimento do esforço e do compromisso dessas comunidades com a conservação da espécie e a valorização do conhecimento tradicional. Esses grupos atuam há anos na proteção das áreas de desova e agora colhem os frutos de um trabalho sério e sustentável.”, afirmou Picanço.

A iniciativa segue diretrizes do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cemaam), que regulamenta tanto as áreas de manejo quanto os critérios técnicos para o licenciamento ambiental. O transporte será feito por via fluvial, no barco Amaru, e terá como pontos de parada as comunidades de Manarian, São Raimundo, Vila Ramalho e Xibauazinho. Os animais serão identificados com lacres e organizados em lotes, com o transporte sob responsabilidade de Gilberto Olavo Costa de Oliveira, gestor da RDS Uacari.

Em ação inédita, cerca de mil quelônios manejados poderão ser vendidos legalmente no estado.


Regras e Fiscalização

Segundo Marcelo Garcia, biólogo e coordenador da Gerência de Fauna do Ipaam, o manejo sustentável prevê que comunidades que monitoram os tabuleiros há pelo menos cinco anos possam solicitar cotas de criação.

“Esses animais passaram por todo o processo legal de manejo, desde a coleta dos ovos até o crescimento em cativeiro, respeitando o tamanho mínimo exigido para a venda”, explicou.

O descumprimento das normas pode resultar em penalidades, incluindo a cassação da autorização. A medida reforça o compromisso do Ipaam com a conservação da fauna e o apoio a práticas sustentáveis em unidades de conservação do Amazonas.

Fonte: Ipaam

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