Calor extremo ameaça aves tropicais e pode acelerar extinção

O estudo aponta redução de 25% a 38% das aves entre 1950 e 2020. Foto: FreePik

As aves tropicais, símbolos de biodiversidade em regiões como Amazônia e Panamá, estão enfrentando um risco crescente de sobrevivência devido ao avanço das mudanças climáticas. Segundo um estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution, os trópicos registram hoje dez vezes mais dias de calor extremo do que há 40 anos, o que já provocou uma redução de 25% a 38% nas populações de aves entre 1950 e 2020.

A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Queensland, analisou mais de 90 mil observações científicas de 3 mil populações de aves, cruzando dados com registros meteorológicos que datam de 1940. O resultado mostrou que eventos extremos de calor — mais prejudiciais do que o aumento gradual da temperatura média — são hoje a principal causa da perda de espécies nos trópicos.

“Esse é mais um sinal de alerta de que as emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas são um grande problema para a biodiversidade. Temos que combater as mudanças climáticas como estratégia primária, porque perderemos um grande número de espécies nos trópicos se não o fizermos.” afirmou James Watson, professor de Ciências da Conservação da Universidade de Queensland e coautor do estudo. 

Efeito

O impacto é evidente até em áreas intocadas. Em duas florestas tropicais preservadas — uma no Panamá e outra na Amazônia —, as populações de aves caíram em mais de 50% nas últimas décadas. Aves coloridas como tucanos, araras e beija-flores estão entre as mais vulneráveis.

Quando expostas a ondas de calor, essas espécies sofrem hipertemia, desidratação e até danos em órgãos vitais. Sem a capacidade de suar, recorrem a estratégias como o ofegamento e a exposição da pele, mas muitas acabam desorientadas, caindo de poleiros ou reduzindo drasticamente sua capacidade reprodutiva.

O estudo reforça a urgência de políticas globais de redução de emissões e de proteção aos ecossistemas tropicais, considerados os maiores refúgios de biodiversidade do planeta.

*Com informações da revista Nature .

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