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O Pará é o segundo maior produtor da especiaria no Brasil, com 35% da produção nacional. Fotos: Divulgação Dinam |
Em um cenário onde a agricultura tradicional ainda domina, duas irmãs do sudeste do Pará estão revolucionando o cultivo da pimenta-do-reino com um modelo sustentável que reduz custos e preserva a floresta. Thainara e Thayse Vasconcelos, fundadoras da startup Diamante Negro da Amazônia (Dinam), uniram tecnologia e preservação ambiental para transformar uma das especiarias mais valiosas da região.
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Inovação verde impulsiona agricultura familiar na Amazônia. Thainara faz a gestão do produto. |
De acordo com Thainara Vasconcelos, o negócio nasceu durante um programa de apoio ao empreendedorismo sustentável, no final da pandemia. O desafio era pensar soluções que unissem impacto econômico, social e ambiental. Ao identificarem o potencial da cultura da pimenta-do-reino, bastante representativa para a economia local, as irmãs decidiram investir em inovação.
"Identificamos que a pimenta-do-reino, cultura vital para o Pará, ainda dependia de métodos ultrapassados e prejudiciais ao ecossistema", explica a empreendedora.
Segundo dados da Embrapa e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará é o segundo maior produtor da especiaria no Brasil com cerca de 35% da produção nacional, ficando atrás apenas do Espírito Santo, que lidera com cerca de 50%.
Inicialmente voltada para melhorar o escoamento da produção rural, a Dinam passou a atuar também na base da cadeia, promovendo um modelo de cultivo mais sustentável. Em vez do método tradicional que utiliza estacas de madeira — chamadas de “tutores mortos” — para sustentar as plantas, a startup incentiva o uso da Gliricídia, árvore que funciona como “tutor vivo”. A técnica, desenvolvida e testada pela Embrapa, evita o desmatamento, reduz custos e contribui com a retenção de carbono na atmosfera, beneficiando o meio ambiente.
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Thainara e Thayse Vasconcelos, fundadoras da startup Dinam. |
"Essa tecnologia, pesquisada há mais de 30 anos pela Embrapa, já é usada por alguns produtores, mas nossa missão é ampliá-la", diz Thainara. Além de reduzir gastos, o método promove o reflorestamento e aumenta a produtividade, tornando a cadeia mais competitiva e ecológica.
Parcerias e Futuro
A startup atua como ponte entre os agricultores e o mercado, comercializando a pimenta sustentável e incentivando a transição para o novo modelo. Uma parceria com a Fundação Vale viabilizou o primeiro pimental sustentável de Carajás, servindo de vitrine para a região.
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A startup oferece suporte técnico do plantio à colheita, garantindo a qualidade do produto. |
"Queremos que mais produtores adotem essa técnica, ganhando autonomia e fortalecendo a economia local sem agredir a natureza", afirma Thainara. Com planos de expandir para outras culturas, as irmãs provam que inovação e preservação podem, sim, andar juntas na Amazônia.
Fonte: Dinam